Meia vida


quase quarenta
meia vida des(cons)truída

não acumulei valores, não escrevi um livro,
não casei, não pró-criei, e pra não dizer que não falei das flores,
tenho em minha defesa o plantio de uma árvore: uma paineira.
de resto, cumpri poucos protocolos, deixei poucas marcas

a não ser pela dor de existir

possa ser que a vida continue
possa ser...

viajo amanhã. talvez retorne
mas alguns caminhos já não permitem volta






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Aline, 10/10/2018.

Comentários

  1. Oi, Aline! Há muito tempo não passo por aqui, senti saudades! O tema do poema muito me atrai, por motivos óbvios, existencialmente óbvios. Você continua escrevendo com sentimento, ou melhor, com o que há de vida em ti, isto é, o que está estruturado com palavras, o poema, está vivo! E em qualquer escrita, pode ser um mero bilhete, para mim o que importa é se há vida, ou seja, se foi escrito com sangue. Passar por esta inflexão, a metade da vida, pode ser doloroso, mas apesar disso uma interessante, estimulante e desafiadora oportunidade. É possível que seja o momento da metanoia. Talvez você goste mais do Freud, mas quem fala de forma profunda e bela sobre esta virada existencial é o Jung. Talvez a base da psicologia analítica - o processo de individuação - seja algo voltado justamente para esta etapa da vida. Bom reler seus escritos, li outros. Fique bem, minha cara. Abraço!

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    1. Robert!!! Sempre bom receber suas visitas e comentários! Lembram que "o pulso ainda pulsa", rs. Não suma. Abraços!

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